quarta-feira, 19 de outubro de 2011

ACADEMIA e POLITICA: INDIGNADOS E WALL STREET

Em todos os cantos do mundo há pessoas de vem tentanto o melhor no que fazem. Na academia ou fora dela, homens por vezes em condições adversas ensaiam o conhecimento, na forma das universidades ou nas maneiras de expressão folclóricas. Na política se passa o mesmo; há neste momento os que organizam e fazem os movimentos "dos indignados""  ou "ocupem" a Wall Street. Eles sacodem o mundo apontando para possibilidades novas. Geram um princípio-esperança em um tempo de niilismos reacionários de todas as cores.
Neste momento quero falar mais do novo, que emerge pela forma da mais alta tecnologia, a da informação. Não perderei tempo falando no óbvio, na corrupção, dos políticos e mesmo da esfera tradicional da política. Quando Sarney se tornou o fiador de Lula tudo estava legalizado, inclusive o passaporte para a ampliação do método do outro José, o Dirceu, segundo o qual para se contrapor a um sistema poderoso há que se ter dinheiro, muito dinheiro,  base do contra-poder... Por isso ele é venerado pela militância mais aguerrida das esquerdas que permitem  a base de governabilidade (tomando-a como uma ação revolucionária, no limite do delírio leninista/stalinista), permitindo o funk dos medonhos Josés e a ex-surgência do modelar Macunaíma com seu Herói sem caráter, forma para o trem da alegria de larápios em todos os níveis. Mas voltemos ao bom astral, ao que de residual nos aponta para a esperança.
A academia é a cara da cultura em dada formação social. Nossa universidade é parte dessas desarticulações que marcam a nossa história. O Brasil foi se diferenciando, crescendo e criando a universidade pública, numa fase republicana de nosso país. Viva Vargas nesse sentido patriótico! O caminho aberto para a hegemonia do ensino particular em nosso país começa com a reforma/68, um continuuem da manu militari... e aponta para esse sentido anti-republicano. Continua com o governo de FHC, passa por LULA e se aprofunda com Dilma.
Como o Estado não se responsabiliza com a concretização do ideal republicano de ensino laico, público, gratuito e universal, em todos os seus níveis e em todos os cantos da federação,  vai cedendo a lex mercatoria, sob o impacto das políticas neoliberais. Estas seguem o "Consenso de Washington" ao exigirem vários cortes sociais para enfrentar o déficit público, atingindo  inúmeras conquistas dos teabalhadores. Nesse contexto a universidade brasileira nem teve tempo de constituir-se como um campo institucional além docência, vale dizer, situando-se como lugar de excelência somente verificável com pesquisa de alto nível consolidada. Assim nossa universidade funciona ainda como um imenso colegião de terceiro grau, salvo raírssimas exceções e experimentos únicos em alguns centros universítários. Não obstante isso professores em todo o país ensaiam pesquisas, claro, com dificuldades, por óbvio, ainda por obediência avaliativa questionável colocada em vários anéis burocráticos de financiamento das mesmas. Mas eles insistem, produzem e reproduzem. Aos que criticam a falta de originalidade ou o que consideram um desperdício anti-ecológico (perda de tempo, papel, tinta, dinheiro) para grande parte das pesquisas nas áreas humanas, mas valem os resultados dos poucos quando apontam para o contrário do que nosso ornitorrínco acadêmico é, trabalhos que são reconhecidos não somente na pesquisa mas na extensão.
Há tendências que são nocivas ao avanço dos campos de legalidade tanto da ciência quanto da política. Os que seguem o manual mais ortodoxo (um amigo meu da área jurídica se considera um "cientista social") implicam em novas segregações e arcaísmos. Os mais competentes em nossas universidades desenvolvem uma estranha mania de desclassificar os "outros', antropafagia estilo um Midas ao contrário,  quase um pré-requisito para o passo seguinte, o auto-elogio (esse mesmo amigo afirma que seus textos vão ao revisor e não recebem sequer uma correção... e que seu alemão é fluente como o de Goethe). escrevo e dou gargalhadas. Mesmo se admitirmos que há um seleto grupo de pesquisadores de padrão internacional em nossas universidades, isso não invalida um certo heroísmo dos docentes que ensaiam avançar com seus projetos de pesquisa, respondam eles mais às exigências burocráticas (justificação das 40h ou DE, progressão funcional, etc), afinal, independente dos resultados, eles ensaiam os meios para a definição, de todo difícil por tudo que expusemos acima, do campo institucional no qual se inserem. Em 'varios centros de química, física e biologia, somente para exemplificar algumas áreas, condições adversas e falta de laboratórios não esmorecem jovens estudiosos, valentes na batalha pela pesquisa e extensão.
Na política  e na ciência sentimentos opostos se encontram, com gestos que reproduzem a condição humana em toda a sua potencialidade. Ciúmes, mesquinharias misturam-se com com atos de solidariedade e engrandencimento dos que acreditam que, malgrado tudo, o conhecimento deve servir para esclarecer, não para alienar, e a política não se subsume a sua corruptela, ou politicagem herdeira da má tradicão.
Os movimentos dos" indignados" e dos "invadam a Wall Street" nascem foram dos padrões tradicionais e apontam para uma fadiga mundial dos jovens com a corrupção que impera na política, inclusive com a sua presença dentro dos bancos universitários. Essa multidão crescente de pessoas indica que o multiculturalismo não é incompatível com a identidade com pautas que tocam a todos os cidadãos. Essa multidão em nosso país compreende que política não é o que o que entre nós fazem os Sarneys, Barbalhos, Magalhães, Quércias, e tantos outros péssimos exemplos, também existentes em todos os países do planeta. Essa mesma multidão compreende também que não podem ser bucha de canhão a cada bolha financeira, ponta do iceberg de uma profunda críse cíclica do capital financeiro, uma corrupção da ética mínima  possivel na relação clássica entre capital e trabalho.
Pode demorar mas esses insigths democráticos abrem caminho para novas conscientizações, mais sofisticadas, tendendo a negação da barbárie, do mercado descompromissado com o trabalho e da política corrompida na mais vil das prostituições, a dos espaços sociais para a representação e formação da opinião pública, uma traição aos eleitores e à República que queremos construir, com a Constituiçao nas mãos.

Autor: Prof. Dr. Edmundo Lima de Arruda Junior (CESUSC/UFSC)

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