O uso da computação em nuvem - modelo pelo
qual os sistemas são acessados via internet, sem que os programas
tenham de ficar instalados no computador do usuário - está ganhando
contornos acinzentados. O modelo, que vem sendo adotado por companhias
de todo o mundo interessadas em ganhar agilidade e economizar nos
orçamentos de tecnologia da informação (TI), tornou-se uma ferramenta
também para os criminosos digitais.
Segundo a empresa de segurança Symantec, desde o ano passado hackers
vêm usando a nuvem para disseminar ferramentas para a criação de novos
vírus, os chamados "toolkits". Esses programas - que começaram a
circular na internet no começo dos anos 90 - funcionam no estilo "faça
você mesmo". Com eles, não é necessário saber nada de programação ou de
segurança de computadores para criar um novo ataque: bastam alguns
cliques para definir como o programa deverá funcionar.
No modelo "tradicional" de uso dessas ferramentas, o criador do
"toolkit" vende uma licença para um criminoso e entrega a ele uma cópia
do software. Com a nuvem, não é preciso baixar nada. Basta entrar no
endereço on-line no qual o "toolkit" está hospedado e selecionar as
características do novo vírus. "Isso garante ao hacker a certeza do
pagamento e também que ninguém vai fazer cópias piratas do seu
programa", diz André Carrareto, especialista da Symantec.
Por se tratar de um movimento recente, Carrareto diz que a companhia
ainda não tem medições precisas sobre o uso da nuvem para hospedar
"toolkits". Na avaliação do especialista, a tendência é de crescimento,
já que o modelo da nuvem vem ganhando relevância no mercado de TI.
Ontem, a Symantec divulgou a 17ª edição de seu estudo anual sobre
segurança na internet. De acordo com a companhia, o número de ataques
bloqueados pelos sistemas que ela tem instalados em clientes de todo o
mundo subiu 81% em 2011 na comparação com 2010, para 5,5 bilhões.
A companhia constatou também que o número de vírus usados para
ataques chegou a 403 milhões, volume 41% superior ao de 2010. Em 2000,
eram 20 mil programas, diz Carrasco. Do total de vírus registrados no
ano passado, 45% foram variações criadas a partir de dez tipos de vírus
já existentes. Segundo o especialista, os números estão relacionados ao
uso mais assíduo de "toolkits". A Symantec detectou que boa parte dos
vírus foi criada usando 11 ferramentas.
Na pesquisa, o Brasil manteve-se estável como o quarto país do mundo
com maior atividade de ataques: 4,1% do total (era 4,4% em 2010. Os
Estados Unidos continuam na liderança, com 21,1% dos ataques. A
atividade criminosa diminuiu na China, mas o país se manteve na segunda
posição, seguido da Índia.
Gustavo Brigatto - De São Paulo
Fonte: Clipping AASP
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