Uma combinação de fatores da economia brasileira está facilitando para os consumidores retirar o nome dos cadastros de inadimplentes. Essa é a conclusão da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), segundo a qual a quantidade de gente que recuperou crédito no mês passado foi 16,2% maior que a verificada em agosto de 2011.
Nesse mesmo tipo de comparação, o número de registros de devedores caiu 1%. “É verdade que é comum haver mais recuperação de crédito no fim do ano, até por conta também do décimo terceiro”, explica o economista da Boa Vista Flávio Calife. “Mas o que a gente vê agora é uma evolução vinda desde o restante do ano. As condições de crédito estão melhores e o mercado de trabalho está ajudando.”
Calife se refere à redução nos juros capitaneada por instituições financeiras com capital estatal (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) e ao índice de desemprego. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Fundação Seade calculam que, em julho, a taxa de desempregos permaneceu estável em 10,7% pelo quarto mês consecutivo.
No acumulado do ano, os índices também demonstram recuo na inadimplência. De janeiro a agosto, cresceu 6% o número de registros de inadimplentes em relação ao mesmo período de 2011. No Estado de São Paulo, o aumento foi de 8,2%.
Pode parecer muito, mas o ano passado se encerrou com 22% de aumento na porção de devedores. Para 2012, a Boa Vista prevê que o índice seja de 3%. “O primeiro semestre de 2013 deve ser de diminuição do crescimento ou até redução da quantidade de inadimplentes”, arrisca Calife.
Já a quantidade de devedores que recuperaram crédito também foi maior no mercado paulista. No País, o crescimento foi de 13,9% entre janeiro e agosto. Em São Paulo, o índice foi de 14,7%.
Nome limpo
A maior dificuldade para deixar cadastros de endividamento, porém, continua a ser a burocracia. Quem atesta isso é a bióloga Magda Miranda Gomes, de 50 anos. Uma dívida inicial de R$ 405 feita em 2005 negativou o nome dela, que não sabe mais a que recorrer.
“Contraí a dívida porque a escola em que minha filha estudava, uma cooperativa, faliu. Tenho condições de pagar, mas não existe mais um responsável pelo colégio que possa autorizar a ‘limpeza’ do meu nome”, conta Magda, que já frequentou cadastros de inadimplentes outras duas vezes. “Costumo brincar que os frequento como se fossem clubes.”
Contratar um advogado para solucionar a pendência, segundo a bióloga, não compensaria. Para tentar encurtar o caminho do devedor em busca de ter o nome limpo na praça novamente, a Boa Vista realiza na sexta-feira e no sábado mais um mutirão Acertando Suas Contas (leia mais no quadro abaixo).
O último evento do tipo realizado na capital, em abril, solucionou cerca de 20 mil (23,5%) dos 85 mil casos tratados.
O professor de economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) Eric Brasil lembra que há formas de renegociar uma dívida se aproveitando dos juros menores praticados agora. “Empréstimos consignados, com débito direto na folha de pagamento, costumam ser mais em conta, pois eles têm garantia quase total para a financeira”, afirma. “Alguns tipos de empréstimo pessoal também são mais vantajosos que o cartão de crédito e o cheque especial, por exemplo.”
Serviço
- O próximo Acertando Suas Contas está marcado para os dias 21 e22 de setembro, das 9h às 17h
- O local é a Escola Técnica Estadual Abdias do Nascimento, na Rua Dr. José Augusto de Souza de Silva, em Paraisópolis, zona sul da capital
- É preciso levar RG e CPF ou a nova Carteira Nacional de Habilitação (CNH)
JOSÉ GABRIEL NAVARRO
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