quarta-feira, 25 de março de 2015

ESTADO – MÍNIMO OU CENTRALIZADOR?

Ás vezes me pergunto o que deve efetivamente ser Estado e o que não deve.  Acabei de ler a notícia de que os aeroportos de Congonhas, Santos Dumont e Manaus serão repassados à iniciativa privada para “subsistência” da Infraero [1]. Do ano de 1994 até 2002 foram privatizadas empresas federais do setor siderúrgico (8), petroquímico (27), fertilizantes (5), elétrico (3), ferroviário (7), mineração (2), portos (7), bancos (4), telecomunicações (sistema Telebrás), e outros (5). Nos Estados foram vendidas empresas e participações minoritárias do setor elétrico (30); ferroviário (1), financeiro (8), gás (5), seguros (1), transporte (4), telecomunicações (3), saneamento (3) [2].
O que será melhor para o povo: um Estado mínimo ou que ele desempenhe um papel centralizador e controlador da sociedade, da economia e da política? Precisa-se pensar no conceito de Estado e na sua primordial função.
O Estado é uma figura abstrata criada para regulamentar a sociedade e preservar o interesse de todos, ou o que denominamos “bem comum”. Conceitualmente o Estado se compõe de Povo, Território e Soberania. Se recorrermos aos filósofos, temos em Hobbes a idéia de que haveria necessidade de se criar o Estado para controlar e reprimir o homem, eis que este seria o único capaz de entregar a paz, devendo o Estado ser legitimado por um Contrato Social. Segundo Rosseau, contrato social tem como objetivo  “[...] encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associação de qualquer força comum, e pela qual, cada um, unindo-se a todos, não obedeça, portanto, senão a si mesmo, ficando assim tão livre como dantes”. [3]
Dentro desta idéia de Estado, não seria a finalidade o bem estar social? Também chamado de welfere state [4] cujo idealizador foi Gunnar Myrdal. Então, o Estado ser proprietário de inúmeras empresas é uma necessidade para manter a paz social e o seu bem estar? Logicamente aqui as opiniões vão ser sempre divergentes, eis que o caminho para a igualdade e prosperidade para alguns deveria ser obtido com mercados livres e o mínimo de interferência estatal [5], e para outros o Estado deve exercer controle dos meios de produção e centralizar em si as ações.
A realidade brasileira demonstra que o Estado deve encontrar um meio termo. É necessário que o Estado se preocupe com o que está previsto na Constituição, principalmente com a saúde, educação e segurança de seus cidadãos. Portanto, sou a favor de um Estado mínimo, que funcione sem que centralize tudo nele mesmo. Já está provado com os últimos acontecimentos que o que a todos pertence, a ninguém pertence. Se pertence ao Estado, deveria pertencer ao Povo, mas na massificação ele perde a personalidade e aí é um passo para a corrupção. Tem-se o exemplo do que ocorreu na Petrobrás, onde seus dirigentes desviam bilhões de reais para seus bolsos, exercendo seus cargos numa empresa pública não com um ideal público, mas com a intenção egoística de se locupletar e se beneficiar com seus cargos. Resumindo, acredito num Estado que cumpra a sua missão constitucional de proteger seu povo da violência, da fome, da miséria, que invista na saúde e na educação, o resto fica com a sociedade civil.

Autora: Rosane Maçaneiro



[1] http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/padilha-anuncia-para-primeiro-semestre-de-2016-novas-concess%C3%B5es-de-aeroportos/ar-AA9W20R
[3] ROSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1762, p.35.
[4] Estado social é um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia. Nesta orientação, o Estado é o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e econômica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de acordo com o país em questão. Cabe ao Estado do bem-estar social garantir serviços públicos e proteção à população. In http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_de_bem-estar_social
[5] ,,,,,,

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