O presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), ministro Cezar
Peluso, disse ontem ser contra resolução proposta pela corregedora,
Eliana Calmon, que proíbe magistrados de participarem de eventos
patrocinados por empresas privadas em hotéis e resorts de luxo.
O
tema foi discutido em plenário, e Peluso avisou que, para ele, isso
deve ser tratado no âmbito do Código de Ética da magistratura.
"Isso está muito mais relacionado ao Código de Ética, à expedição de uma
resolução a respeito de realização de eventos", afirmou ele, que também
preside o STF (Supremo Tribunal Federal).
Com o voto a favor de
dez conselheiros, o CNJ aprovou ontem abrir uma consulta pública nas
próximas semanas para debater a resolução de Eliana Calmon.
Ao
chegar a vez de Peluso, a votação já estava decidida, então ele, além de
se posicionar contra a resolução, defendeu que só tribunais sejam
ouvidos na consulta.
"A opinião pública não precisa ser consultada, nós sabemos a resposta da opinião pública", disse.
Apresentado em dezembro, o texto da corregedora veda aos magistrados o
uso de transporte e hospedagem pagos por pessoas físicas ou privadas em
seminários, congressos, cursos, entre outros, mesmo que haja
intermediação de associações.
"Não se trata de controle.
Trata-se de problema ético da magistratura. Talvez a resolução seja uma
forma de resguardar", afirmou Calmon.
Segundo membros do
conselho, resolução específica do CNJ tem poder político de ação maior
que uma simples alteração, pelo mesmo conselho, de trechos do Código de
Ética da magistratura.
O descumprimento de uma resolução é uma
infração funcional, caminho mais rápido para uma investigação e
consequência punição, enquanto um "deslize" ético pode ser considerado
subjetivo em determinados casos, explicam os membros do CNJ.
Na
sessão de ontem, Peluso ainda deu um conselho aos colegas para que não
participem, no momento, de eventos que não sejam diretamente patrocinado
por associações do setor. "Para não dar pretexto a notícias
infamantes", disse o ministro.
ATAQUES À IMPRENSA
Aliados de Peluso no CNJ também adotaram discurso parecido. O
desembargador Tourinho Neto atacou a imprensa e saiu em defesa das
associações de juízes.
"A imprensa, na maioria das vezes marrom,
está acuando o juiz. O juiz desonesto deve ser excluído, mas não é
assim que a imprensa está fazendo. Precisamos das associações para
lutarmos contra essa imprensa marrom", afirmou o desembargador.
"Eu acho que estamos gastando um canhão para matar um mosquito", disse o
conselheiro Carlos Alberto de Paula, alinhado a Peluso.
FONTE: Jusbrasil, http://assetj.jusbrasil.com.br/noticias/3027710/peluso-critica-limite-do-cnj-a-viagem-de-juiz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário